Dermatite Miliar Felina
O gato com dermatite miliar é muitas vezes um caso frustrante tanto para o tutor como para o médico-veterinário.
Número da edição 28.1 Outros conteúdos científicos
Publicado 29/10/2021
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Para muitos médicos-veterinários, realizar um teste com dieta de eliminação é um grande desafio quanto à conformidade do tutor, à praticidade do teste e à avaliação dos resultados. Vandre Clear nos oferece alguns conselhos e dicas para que esse teste seja válido, significativo, fácil de usar e satisfatório.
Comunicação com o cliente
Explique ao seu cliente que os pets podem desenvolver uma alergia a qualquer proteína que eles já tenham consumido, seja de origem vegetal ou animal. Muitos tutores acreditam que seu cão ou gato não seja alérgico a seu alimento habitual, justamente “por ter se alimentado dele a vida toda”. Ao se conduzir um teste de eliminação, deve-se excluir da dieta tudo a que o animal foi exposto previamente. A exposição até mesmo a pequenas quantidades de alguma substância antigênica pode causar exacerbação ou persistência dos sintomas.
Aborde os equívocos sobre os grãos como causa de alergias. Os grãos não têm maior probabilidade de causar sintomas de alergia, em comparação a qualquer proteína de origem animal.
Esclareça que os grãos e outras proteínas de origem vegetal são incorporados aos alimentos para pets como fontes de proteínas de elevada digestibilidade, e não como “enchimentos”. Embora muitos fabricantes de petfoods atualmente utilizem ervilhas ou batatas como fontes proteicas de origem vegetal, os animais também podem desenvolver reações adversas a essas proteínas.
Prepare seus clientes sobre o rigor necessário, as despesas, os possíveis erros (i. e., armadilhas) e os benefícios de um teste de eliminação feito corretamente.
Se o tutor tiver outros cães ou gatos na casa, faça com que todos os pets da mesma espécie se alimentem da dieta escolhida para o teste de eliminação, sempre que possível. Isso reduzirá o risco de contaminação cruzada e a exposição acidental ou inadvertida a outros alimentos ao compartilhar as vasilhas de água ou comida. Além disso, se o pet tem acesso aos alimentos de outros animais, lambe os pratos deixados em mesas ou balcões, etc., tudo isso pode gerar confusão em um teste com a dieta de eliminação e alterar os resultados.
A maioria dos tutores de pets fica desanimada quando são obrigados a suprimir todos os petiscos e brinquedos mastigáveis com aromas ou sabores. Por essa razão, certifique-se de fornecer ao tutor petiscos e/ou alimentos úmidos compatíveis com a dieta de eliminação escolhida para o pet. Ofereça opções de produtos ou brinquedos mastigáveis que não sejam aromatizados e não contenham proteínas de origem animal ou vegetal.
Assegure-se de ter uma sólida base de conhecimento sobre a nutrição dos pets e os ingredientes da dieta. Quanto mais você explicar aos clientes sobre a nutrição de seu animal, maior será o êxito no cumprimento da dieta de eliminação por parte deles. Para obter o sucesso desejado, é essencial que os tutores entendam o motivo pelo qual o teste de eliminação está sendo feito e por que determinadas regras e diretrizes específicas estão sendo estabelecidas.
A dieta de eliminação tem uma duração de 8 semanas, embora o ideal seja mantê-la até 12 semanas 1. Na maioria dos casos, observa-se uma melhora (diminuição do prurido e possibilidade de reduzir ou suprimir o tratamento médico) dentro do período de 6-8 semanas; entretanto, para se obter a máxima melhora e a resolução dos sinais clínicos, podem ser necessárias até 10-12 semanas.
Muitas vezes, no início do teste de eliminação, é necessário administrar um tratamento médico sintomático adjuvante. Durante o teste, tente reduzir ou eliminar periodicamente a farmacoterapia para avaliar os resultados apenas com a dieta isolada. Se não houver nenhuma melhora ou se essa melhora for mínima apenas com a dieta e/ou se outras medicações sintomáticas ainda forem necessárias depois de 8 semanas, é recomendável buscar outras causas de prurido. Se o animal apresentar outras doenças alérgicas que não foram diagnosticadas ou controladas, os sinais clínicos poderão persistir; nesse caso, teremos a impressão de que a dieta de eliminação não funcionou.
Em pacientes com alergia alimentar e sinais gastrointestinais concomitantes, estes últimos podem desaparecer em 4-6 semanas.
Utilize tratamentos preventivos tópicos ou orais que não contenham aromatizantes durante o teste de eliminação. As proteínas contidas em aromatizantes são suficientes para causar o aparecimento ou a exacerbação dos sinais clínicos em alguns cães.
Não use dietas que não sejam de prescrição para realizar o teste de eliminação! (Figura 4)
Não inicie o teste de eliminação durante a(s) época(s) em que os sintomas de alergia são exacerbados, caso haja suspeita ou confirmação de que o animal também sofre de alergias ambientais.
Assegure-se de que, antes de iniciar o teste de eliminação, o tutor tenha detalhado todo o histórico alimentar, incluindo petiscos, medicamentos, tratamentos preventivos e qualquer alimento ou resto de comida da mesa que o pet consuma ou tenha consumido. Se houver vários animais na casa, questione o tutor sobre o acesso do pet aos alimentos de outros animais. Nem todos os animais respondem ao mesmo tipo de dieta de prescrição. Atualmente, com a variedade de alimentos especiais para pets no mercado, está se tornando cada vez mais difícil encontrar uma nova fonte proteica (novel protein) a que o animal nunca tenha sido exposto.
Embora as dietas com proteínas hidrolisadas ou novas fontes proteicas e as dietas caseiras também com novas fontes de proteínas funcionem na maioria dos casos, um animal alérgico pode ocasionalmente ter uma reação exacerbada ou até não responder a essas dietas. Se um tipo de dieta aparentemente não funcionar, teste outro diferente e também questione o cliente mais uma vez sobre exposições prévias ou possíveis transgressões da dieta (i. e., se existe a possibilidade de que a dieta não tenha sido seguida com rigor em algum momento durante o teste).
Vandre Clear
A Dra. Clear se formou como médica-veterinária na Ohio State University em 2009. Leia mais
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