Em um estudo clínico prospectivo, randomizado e cego, avaliou-se a eficácia de um sistema de biomodulação por fluorescência no tratamento de cães com piodermite interdigital. Nesse estudo, um total de 36 cães foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos terapêuticos: um sob tratamento exclusivo com antibióticos e outro sob tratamento com antibióticos juntamente com biomodulação por fluorescência (aplicada durante dois minutos, duas vezes por semana, até a resolução clínica). Todos os cães foram avaliados durante um período de 12 semanas, e o tempo médio transcorrido até a resolução das lesões foi de 4,3 semanas para aqueles submetidos a ambas as formas de terapia (i. e., tratamento combinado), em comparação a 10,4 semanas para os outros que receberam apenas antibióticos. Foi concluído que a biomodulação por fluorescência reduziu significativamente o tempo necessário para a resolução clínica 8. Portanto, em cães com piodermite interdigital, pode-se recomendar a aplicação de biomodulação por fluorescência duas vezes por semana 9; embora se possa considerar a redução da frequência para uma vez por semana (com duas aplicações consecutivas na mesma sessão) 10, há necessidade de estudos randomizados de maior escala para validar os dados existentes 9.
Embora esses resultados mostrem a eficácia clínica antibacteriana da biomodulação por fluorescência, o mecanismo de ação permanece desconhecido. Dois estudos preliminares in vitro não conseguiram demonstrar a atividade bactericida da biomodulação por fluorescência 11 ou da luz LED azul 12.
Otite externa
Em um ensaio clínico randomizado não cego, sugeriu-se que a biomodulação por fluorescência também possa ser benéfica no tratamento da otite externa em cães 13, uma condição comumente responsável por até 20% das consultas na clínica de pequenos animais 14. A aplicação de biomodulação por fluorescência no canal auditivo externo pode modular a inflamação, a dor e o crescimento bacteriano 13 – embora, conforme mencionado anteriormente, estudos in vitro não tenham sido capazes de determinar por qual razão a biomodulação por fluorescência ou a luz LED azul teria atividade bactericida. Em contrapartida, em um estudo preliminar in vitro, demonstrou-se que a biomodulação por fluorescência pode inibir o crescimento de Malassezia pachydermatis após pelo menos quatro minutos de exposição 15.
Condições diversas da pele
Outra aplicação relatada de biomodulação por fluorescência envolve o tratamento de fístulas perianais caninas 16. Nesse estudo, quatro cães com a doença receberam exclusivamente sessões de biomodulação por fluorescência uma vez por semana, com duas aplicações consecutivas em cada sessão. Após duas semanas de tratamento, todos os cães melhoraram, observando-se uma redução significativa na vocalização, no tenesmo e nas lambeduras. Depois de cinco semanas de tratamento, as lesões perianais diminuíram significativamente. Mais uma vez, o mecanismo de ação da biomodulação por fluorescência nesses casos permanece desconhecido. A Figura 5 mostra um caso de fístula perianal canina antes do tratamento com um sistema de biomodulação por fluorescência disponível no mercado, uma vez por semana. Três semanas depois de iniciar o tratamento, houve redução do eritema e melhora da fístula (Figura 6). Por essa razão, sugere-se que a biomodulação por fluorescência possa ser benéfica nesses casos por seus efeitos na cicatrização de feridas 1,2,4.